domingo, dezembro 13, 2009

Balanço do Ano

(não sei fazer poesia, mas fiquei com vontade)


  Reli trechos, pedaços esparsos de uma escrita que se consumiu

  Revi cenas de um passado que se congelou no tempo

  Repensei o que já havia pensado mil vezes, mil vezes mil

  Retomei um ponto de vista já gasto, usado, roto, um velho sem lar que me acompanha.


  Busco a novidade, o que a areia levou não volta

  Persigo os sonhos, nuvens de esperança que contam uma história

  Quero me perder, consumir-me por alguns minutos em chamas de fogo

  e depois disso encontrar comigo mesma, nova, repleta de novos sonhos, de novas faíscas de luz.


  Para vocês todos, um Novo Ano cheio de novidades, de sonhos e fogo!

sábado, dezembro 12, 2009

A beleza de ser apenas uma árvore


Os sonhos das árvores



 Fora uma tempestade devastadora aquela. As árvores grossas, com suas copas enormes, foram deixadas caídas pelo vento cortante e feroz. Fernanda teve pena delas... "as sábias árvores", pensava ela, que estavam lá há tantas décadas e que presenciaram o nascimento e a morte de vários entes de sua própria família, que foram  suas confidentes em muitas ocasiões e participaram de várias brincadeiras feitas por ela e pelos primos. Não teve vergonha de deixar as lágrimas escorrerem pelas maçãs do rosto. Chorou por algum tempo, ressentida como se tivesse perdido suas amigas mais íntimas.

 Em meia dúzia de anos nunca se viu uma tempestade tão cruel quanto esta, que Fernanda acabou apelidando de "A Impiedosa". Por doze horas seguidas, o que se ouvia dentro das casas era apenas o ruído assustador da destruição. Não havia luz e nem como desviar a atenção daquele evento horrendo. Fernanda, encolhida em sua cama, pensava nos que não tinham onde se abrigar, naqueles que estavam à mercê da sorte - ou do azar-, como as árvores, os cães sem dono, as famílias que não tinham nada. Não conseguia dormir, já que o vento assobiava jocosamente em sua janela, como se lhe divertisse a desgraça dos indefesos.

A noite parecia não ter fim. O ponteiro dos segundos, endurecido de medo, não queria movimentar-se. Preferia, talvez, encolher-se como Fernanda, mostrando-se impotente em relação à força da natureza. O ponteiro menor, dos minutos, estava petrificado. Fernanda tendia a pressioná-lo em certas situações, como no final das aulas de educação física, e ele às vezes concedia-lhe alguns favores. Mas, naquele momento, até mesmo ela não tinha coragem de pedir-lhe nada. O ponteiro das horas fingia dormir, porém, como era o maior de todos, sentia culpa por não ter coragem suficiente para levantar o moral de seus companheiros.

O coração de Fernanda saltava a cada trovão. Os relâmpagos eram tão fortes que iluminavam a casa, como se alguém estivesse fotografando sua reação de pânico. Seu consolo foi saber que aquilo tudo teria um fim, e que o sol voltaria a brilhar no dia seguinte, encorajando a todos os que passaram por aquela provação. Afinal, assim é a vida. Há tempestades como essa às vezes, e há sempre quem sobreviva.

Porém, assim que o sol nasceu e com ele um novo dia, Fernanda se deparou com a barbárie. As árvores estavam ali, arrancadas, com as raízes expostas ao olhar de todos da vizinhança. Depois de enxugar as lágrimas, resolveu ajudar os homens que tentavam, em vão, liberar as ruas para a passagem dos carros. Mas as gigantes eram pesadas demais... foi preciso a ajuda dos bombeiros, e mesmo assim Fernanda não as deixou um minuto sequer. Os velhos marceneiros, percebendo o apego da menina às suas gigantes companheiras de infância e adolescência, resolveram conversar com ela. Poderiam, segundo eles, torná-las parte de sua vida. Primeiro, a partir das sementes, fariam brotar novas árvores, e quando Fernanda estivesse velhinha também, veria nas novas plantas o reflexo das antigas. Além disso, com a madeira e seu consentimento, construiriam móveis e assim, tornariam reais os sonhos das árvores - que, certamente, adorariam poder conviver com Fernanda, servir de encosto às suas costas quando estas estivessem doloridas. Ou mesmo, quando ela quisesse descansar, com certeza se alegrariam em esticar seus galhos e, suavemente, balançá-la, niná-la, até que seus olhos cerrassem e Fernanda dormisse.

Com os anos, Fernanda deixou a tristeza para trás. Os dias, semanas e meses passavam rapidamente, e mesmo que quisesse, os ponteiros de seu relógio agora eram insaciáveis: consumiam o tempo como se este fosse a sobremesa mais deliciosa que já se ouviu falar. As novas árvores cresciam, assim como seus filhos, e seus cabelos se tornavam cada vez mais prateados. Agora descansava no suave vai-e-vem de sua cadeira de balanço, tão tranquila e serena, que ali poderia até deixar-se levar pelo sono mais pesado de todos...



terça-feira, dezembro 08, 2009

Friedrich Nietzsche



"Uma alma que se sabe amada, mas que por sua vez não ama, denuncia o seu fundo:  vem à superfície o que nela há de mais baixo."


"As vivências terríveis fazem-nos pensar se o seu protagonista não é, ele próprio, algo de terrível."


"Certos pavões escondem de todos os olhos a sua cauda - chamando a isso o seu orgulho."

sábado, dezembro 05, 2009

Minha oração - no dia do meu aniversário



 Sempre gostei muito de aniversários, sempre! Quando pequena, não ganhava presentes caros, nunca! Mas a sensação de ser a "dona" do dia já valia qualquer presente... isso durou bastante até... hoje já não sou tão feliz quanto era nessa época.

Acredito que fazer aniversário é, antes de tudo, uma conquista. Vivi mais um ano, obtive mais experiência, ganhando ou perdendo, venci.

Passei meu aniversário na praia uma vez, com minha família toda. Foi o máximo, principalmente quando cantaram "parabéns a você" e, bem na hora do "rá, tim... BUM!"  tomei um caldo de uma onda gigante! O dia estava quente, as ondas geladas...e eu era mais ingênua do que (ainda) sou.

Uma vez organizaram uma festa surpresa... lembro-me de cada segundo. Não falo mais com todo mundo, pois o tempo, a distância, a vida separa as pessoas. Porém, as lembranças são nossos tesouros, cada um guarda o seu no coração, onde ninguém pode tocar. Nossos sonhos e lembranças são tudo aquilo que somos.

Obrigada, Criador, por mais um ano. Obrigada pelas pessoas que teceram minha história até aqui, obrigada pelas que me fizeram chorar (pois algo aprendi com elas), obrigada pelas que me fazem rir (pois  tornam a vida mais leve), obrigada pelas que me amam ou me odeiam, e por aquelas que são indiferentes (pois também me ensinam a ser cada vez mais paciente). Por fim, obrigada por ter me dado tanta esperança.