terça-feira, novembro 16, 2010

Pequenos grãos de areia

Foi chegada a hora de lançar as chamas presas por dentro dela, antes que explodisse. Aquela era a sua vez de poder soprar para longe toda a sujeira que via e sentia desde que o acontecido se sucedeu. Lembrou-se de cada detalhe dos momentos extenuantes do passado e das cenas promissoras do presente. E, assim como as estrelas, que somente piscavam naquela noite, aguardaria seu interior silenciar.  Não adiantaria muito agir com tanto fogo e lava vulcânica querendo sair pelas ventas. Era melhor esperar, aguardar, saborear as notícias que seriam trazidas pelo tempo. E assim, depois de alguns goles de seu anestesiante preferido, sentou-se perto da fogueira. 
Avistou, ao longe, uma enorme árvore. Pensou sobre tudo o que aquela sábia sequóia já presenciara. Quanto tempo se passou desde que fora cultivada, quantas guerras já não teriam começado e terminado. Quantas vidas nasceram, quantas mortes e amores, e desenlaces, e vitórias e derrotas.
Mais um ano se passara e mais ela tinha visto, sentido, experimentado. Agora sabia que não deveria parar, que o fluxo era contínuo, que agora o que mais importava era seguir a estrada. Acreditava e via que nada havia de errado com ela, mas talvez com o mundo. Onde estariam as pessoas que o salvariam? Uma hora tudo acabaria, a única certeza da vida, porém, seria imbecil demais concordar com a inércia e a ignorância. Não importavam mais os tantos que insistiam invadir sua mente com as falsas promessas, daria um adeus a todos eles, que procurassem outras mentes cansadas e torturadas para converter. A sua estava tranquila, pacífica como uma ilha perdida no meio do oceano, virgem.
Um oceano, não encontraria metáfora melhor para expressar a infinitude do tempo e da própria experiência de estar viva. Flutuava em seu barco pressentindo as tempestades que viriam, e quando estas se dissipavam, sentia a brisa e o sol acariciando sua pele molhada, salgada. Logo as ondas estariam tão calmas que poderiam trazer boas novas, mensagens dentro de garrafas, esperanças. Ou então, o contrário, súplicas jogadas ao mar por pessoas que não entendiam o porquê, que não aguentavam as tormentas, que por vezes desistiam da descoberta.
E ela refletiu, o tempo continuará ecoando, mesmo que haja tantas e tantas tempestades, não há nada a fazer a não ser persistir ou desistir. Entregar-se às ondas violentas, esmagadoras, ou então agarrar-se ao barco ou ao que sobrar dele. E, ao longe, quando as areias ficarem visíveis, voltaremos a ser crianças, ingênuas, riremos e nos lançaremos aos simples prazeres, sem condenações ou medos.
Abriu seus olhos e o fogo já havia se apagado. Agora somente as cinzas daquilo que havia sido.

segunda-feira, novembro 15, 2010

Perto da retrospectiva

Lembrete

Mais um ciclo se fecha, entre janeiro e dezembro. Na lista de comemorações, muitas amizades conquistadas, beijos roubados e permitidos, noites indescritíveis - pelo alto teor pornográfico? - congratulações pelo trabalho realizado, shows assistidos, enfim, puxa... quanta coisa boa! Também posso citar algumas experiências nada agradáveis, situações broxantes - literal e metaforicamente - falta de reconhecimento do trabalho realizado e decepções/frustrações - leia-se: traições de amigos antes considerados intocáveis.
Para um ano que prometia muitas emoções, desde o primeiro dia, realmente este foi um dos que ficarão na memória, sem dúvida alguma! Queria poder agradecer a algumas pessoas, e espero poder valer a todos, todos. E nesse espaço acredito que poderei expressar minha gratidão com mais eloquência. Agradeço a Edilaine, uma pessoa iluminada que me deu forças para segurar uma barra muito pesada no trabalho. Parabéns por ser assim, tão generosa! Agradeço também Odair, um cara que, talvez, não consiga descrever. Quisera eu poder, como ele, degustar da vida, conseguir ter a mesma destreza no trabalho e a mesma alegria de espírito! Agradeço minha mais nova companheira de baladas Vivien, uma das minhas conquistas deste ano, por ser tão leve e inteligente, é  uma bênção contar com suas opiniões e reflexões. Suas experiências e sua áurea tranquilizam e sua autenticidade faz esquecer essa sociedade cheia de (falsas) aparências. Agradeço a classe do 9o. ano. Todos eles, adolescentes que me fizeram crer tanto em mim mesma quanto nos outros. Pequenos mestres. Agradeço também todos os homens com quem me relacionei este ano, de alguma forma vocês foram professores para mim. 
Agradeço a Deus. Estou em busca, perseguindo-O, e sei que este ano foi um presente Seu. Espero poder enxergá-lO cada vez com maior nitidez. Obrigada.

Este é só um lembrete. Saber agradecer é uma virtude!