terça-feira, março 31, 2009

Apologies

Apologies

Para todos os grandes amigos que se dispoem a ler este humilde blog, peço desculpas pela demora... tenho uns quatro contos em acabamento ainda, não publiquei o final de Madrugadas, nem de A Última Criança, que eu me lembre. Vou terminar "Um tapete.." (logo abaixo está o segundo capítulo!), prometo! Faltou-me inspiração e tempo, para ser franca.

Agradeço de coração a vocês que me escrevem de vez em quando... este é meu incentivo. Quem me conhece sabe que eu adoro ler e escrever, mas tenho um espelho de auto-crítica bem grande em casa... e na maioria das vezes acabo não publicando por isso. É, complexo de inferioridade, coisa de anos.

Quanto à temática do blog, prefiro não me ater a isso. Cada vez que escrevo tento expor as entranhas de alguém, procuro não ser repetitiva (apesar de já terem me falado que escrevo muito sobre casais que não dão certo, mas eu discordo...rs )

Ah, não estou ainda usando as novas regras ortográficas... vou escrever sobre isso ainda. Que falta do que fazer, hein, galera da Academia??

Enfim, muito obrigada de novo! Espero poder escrever com mais constância! Ultimamente as aulas me consomem, as provas me sobrecarregam, as costas arqueam, mas escrever é como fazer terapia, me alivia. Só queria poder escrever bem o suficiente para que meus amigos consigam se identificar com essas criaturas doidas que sofrem, que se machucam ( e machucam os outros), que vivem.

É isso!

Um Tapete Muito Caro para a Morte

"Um tapete muito caro para a Morte"

(parte II)

Ancorou-se na batente da porta, os olhos lacrimejaram, seu estômago parecia petrificado. Em um único gesto afastou o rapaz e entrou no elevador. Seus olhos saíram do chão e num único segundo encontraram os do jovem, e seu olhar talvez dizesse mais que qualquer palavra. A porta de aço fechou-se e Frederico finalmente estava só. Sua garganta ardia. A sede era sim de justiça, mas ainda maior era sua vontade de engolir algo que o acordasse, ou que acordasse nele.

O lobby do hotel ficava no subsolo, e o bar era iluminado por luzes vermelhas, algumas delas piscavam. Não contou os passos que faltavam para chegar ao barman, entretanto, cada vez que seus pés encostavam o chão, sua garganta secava um pouco mais. As pessoas que riam, ao vê-lo adentrar o bar, repentinamente se transformavam. Os rostos se tornaram hostis. Frederico precisava muito daquele whisky on the rocks.

Ao sentar-se num daqueles bancos altos, fitou o atendente. Fez o pedido e, já preparado, aguardava pela bebida sem muita paciência. O barman escondia um sorriso no canto dos lábios, e isto o agradou. Finalmente conseguira uma dose, e o melhor, dupla - cortesia do hotel, foi o que pensou. A garganta já não doía mais, a sede já não machucava. O ar agora parecia invadir seus pulmões violentamente, respirava de forma profunda e pausada, expulsava o ar da mesma forma como se expirasse seus fracassos, como se algo que o ferisse por dentro estivesse saindo pelas narinas. Mais uma dose, por favor!

As luzes vermelhas piscavam cada vez mais rápido, os risos voltavam aos poucos a encher o local de uma fingida alegria. O barman era o único cujo olhar não era decifrável: ao mesmo tempo, acolhedor e irônico. Mas Frederico preferia não dizer palavra. Algo em seu estômago o incomodava, e não era ansiedade. Poderia ser o whisky, não bebia há algum tempo. Depois que sua vida se tornara uma absurda sucessão de dias tediosos, resolvera se anestesiar de outra forma: devorava páginas e páginas de histórias que outras pessoas escreviam.

O último gole caiu como um calcário pontiagudo. Imagens de uma moça linda, realmente linda, se formavam em sua mente. Mosaicos de lembranças remotas, flashes que faziam seus olhos lacrimejarem de tristeza. As luzes vermelhas se misturavam aos espasmos, sangue por toda parte, gritos e risos.

(continua...)