terça-feira, outubro 13, 2009

Enquanto você dorme, há quem olhe por (para) você

Frenesi



Um silêncio compete com o barulho infernal que se esconde dentro de sua cabeça. Um barulho que aparece sempre quando você acorda ou quando se sente perdido num sono (ou sonho?) profundo, quando tudo o que vê se resume a você mesmo, contorcido pelas lembranças, pelos medos, pelas fraquezas. Uma náusea interrompe seus pensamentos e se espalha por todo o corpo, enraiza-se dentro de sua alma e você desfalece. Uma lança de lâminas curvas e cortantes atravessa a carne de seu coração, e nesse momento você se pergunta: por que eu?

Estranhos prazeres para quem se considera perfeito. O céu cinzento parece ser a única coisa palpável. O sol já não ajuda mais como antigamente, quando você ainda era uma criança que gostava de sair para brincar de esguicho. Você sente pena de si mesmo. Sabe estar preso num labirinto que você mesmo construiu e do qual, inexplicavelmente, desconhece a saída. Sem forças para lutar contra, sem esperanças, desnorteado. Mas tudo é como num sonho perdido, você consegue rir e sentir-se bem, um masoquismo maquiado.

Mais uma vez o céu parece não ser grande coisa. Você olha para cima, procura alguma estrela cadente, uma nave espacial, um sinal divino. Nada acontece e tudo o que você vê é o reflexo de si mesmo nos olhos de um estranho. E isso é tudo.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Santa Ingenuidade!



Há algo que se aprende na vida adulta: perder a inocência. Ao contrário do que Fellini acreditava, me parece que o mundo hoje não aprecia em nada a ingenuidade... há quem ainda grite a plenos pulmões a favor de uma vida menos maliciosa, mais infantil - e veja, nesse sentido, não me refiro à irresponsabilidade ou à imaturidade, mas à inocência -, mas o que percebo é o contrário. Triste, mas verdadeiro: perdemos nossa inocência há muito tempo.

Ao nosso redor há todo tipo de maldade. Não é necessário procurar muito, facilmente encontramos no ponto de ônibus, ou nas escadas rolantes do shopping, às vezes onde nunca imaginaríamos. "Maus" são esses indivíduos que carregam consigo o peso de suas existências, que se sentem pormenorizados pelos que brilham mais, pelos que são mais felizes. Mentirosos, frustrados, covardes, gananciosos, rudes, pessoas cuja feiúra não se vê por fora.

Estou cansada hoje. E minha inspiração se esvaiu, como a areia das ampulhetas, à procura de um tempo que não volta mais.