terça-feira, outubro 13, 2009

Frenesi



Um silêncio compete com o barulho infernal que se esconde dentro de sua cabeça. Um barulho que aparece sempre quando você acorda ou quando se sente perdido num sono (ou sonho?) profundo, quando tudo o que vê se resume a você mesmo, contorcido pelas lembranças, pelos medos, pelas fraquezas. Uma náusea interrompe seus pensamentos e se espalha por todo o corpo, enraiza-se dentro de sua alma e você desfalece. Uma lança de lâminas curvas e cortantes atravessa a carne de seu coração, e nesse momento você se pergunta: por que eu?

Estranhos prazeres para quem se considera perfeito. O céu cinzento parece ser a única coisa palpável. O sol já não ajuda mais como antigamente, quando você ainda era uma criança que gostava de sair para brincar de esguicho. Você sente pena de si mesmo. Sabe estar preso num labirinto que você mesmo construiu e do qual, inexplicavelmente, desconhece a saída. Sem forças para lutar contra, sem esperanças, desnorteado. Mas tudo é como num sonho perdido, você consegue rir e sentir-se bem, um masoquismo maquiado.

Mais uma vez o céu parece não ser grande coisa. Você olha para cima, procura alguma estrela cadente, uma nave espacial, um sinal divino. Nada acontece e tudo o que você vê é o reflexo de si mesmo nos olhos de um estranho. E isso é tudo.

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