sábado, novembro 15, 2008

Parênteses

Só um parênteses

Engraçado... sinto-me como o personagem de uma estória que li e que adoro. Contava sobre a triste sina de um escritor que cometera um grande equívoco: escravizou uma musa grega para que ela o enchesse de idéias. Escreveu muitos livros, todos fantásticos. Mas essa musa fora, em outros tempos, a esposa do Senhor dos Sonhos. E este a vinga, retirando-a do poder do escritor e, como castigo, condenara-o a ter idéias a todo tempo, e eram tantas, tão boas, que ele acabou por mutilar suas próprias mãos: era imperativo que conseguisse registrar o máximo de idéias possível. Então, passou a escrevê-las com os dedos. A sangue.
Bom, é como eu disse. Muitas idéias... mas ao me sentar em frente ao computador, enfrentar essa tela branca, nada acontece. Ansiedade demais. Medo demais.
Não farei o balanço deste ano. Posso dizer, isso sim, que foi um bom ano: renasci como uma fênix. Reencontrei-me. Agora sei exatamente quem sou e o que quero, mas principalmente, o que não quero. Aprendi muito. Obrigada, Destino, pelos caminhos tortuosos de seu labirinto.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Curto e Grosso

Curto e Grosso

Os novos tempos requerem muita paciência. Você quer se matar aos poucos, sentir-se vivo, à vontade, mas até mesmo essa escolha tiraram de você. O amor virou novela, a injustiça em todos os níveis se tornou a pílula que tomamos todos os dias para que não nos tornemos loucos. Sim, porque a vontade de fazer justiça acaba levando à loucura. A paciência se tornou o nosso ópio. Seja natural... faça de conta que é a morena do comercial ou o galã burro.
Tempo, que se esvai como areia entre os dedos, a mesma areia que nos faz adormecer. Pelo menos alguns de nós, em nossos sonhos, conseguimos tornar a vida menos amarga. Por que o café da bomboniere parece ser transgênico, o sol escaldante demais, a comida não tem mais gosto algum e as noites não têm mais estrelas? Não somos mais os mesmos, os novos tempos nos tornaram seres confusos. Agora respiramos a fumaça dos carros, símbolos de poder. Agora desejamos uma falsa paz, uma paz comprada pelo bem-estar das televisões lcds, dos ipods, dos laptops e iphones. O homem das cavernas evoluiu, afinal... agora somos os novos homens. Podemos criar um robô que faça tudo, podemos viajar pra Lua, podemos... podemos. Hoje muitos preferem as mentiras. Mentir é mais fácil. Enganar-se. Fugir. Para bem longe, para outra cidade, uma cidade igual àquela do novo filme que estreou na semana passada.
Cuspa para fora o fel que cobre seu coração... abra seus olhos, deixe-os abertos, use palitos se necessário. Não ignore seus sentidos mais primitivos. Falte um dia no trabalho. Não deixe os novos tempos embrutecerem sua alma, não se deixe voltar à caverna escura. Pois, a partir de agora, tudo indica que nos tornaremos canibais... acabaremos nos devorando. Darwinismo puro. O mais forte sobreviverá.