MADRUGADAS
O rapaz, casado há dois anos, resolveu sair com a esposa para comemorar o lucro do mês. Eles estavam contentes, enfim, a vida lhes sorria. A filha, pequena, ficara com os avós. Saíram com antigos amigos, de anos, para beber e esquecer os problemas do dia-a-dia. Ela, linda, de vestido marrom, salto agulha. Ele usava o perfume que havia ganhado no aniversário de casamento, importado. Chegaram ao bar, sentaram-se numa mesa, muito conversaram e riram. Uma noite quente, muita música da década de setenta e oitenta. Ela até ensaiou uns passos ao ouvir sua música preferida. Num dado momento, levantou-se. Ao virar-se, sentiu um frio no estômago. Sua pressão baixou rapidamente e ela caiu, como se caísse num chão de algodão. Ao perceber, seu marido a socorreu, juntamente com os seus amigos, que também se assustaram. Sua esposa estava gelada. Seus lábios, rachados e brancos. Saíram na pressa, o corpo perfeito estava mais pesado e os olhares de todos os que se divertiam no bar era de espanto.
Chegaram ao hospital. Sala de espera, desespero. O marido não parava de andar de um lado a outro, inconformado. Muitas coisas passaram pela sua cabeça. Menos uma: que ela havia morrido.
Ao receber a notícia da morte de sua esposa, primeiro não acreditou. Olhou bem no fundo dos olhos do médico, que, espantado, disse que não entendia como uma pessoa tão saudável poderia ter morrido tão de repente. Disse, por fim, que isso era tão raro quanto encontrar um milhão de dólares num táxi (comentário totalmente inapropriado para aquele momento). Ele, então, saiu em disparada em direção à sala de cirurgia, onde ela se encontrava. Ao deparar-se com seu corpo inerte, seus lábios arroxeados e sua pele pálida, deu-lhe diversos socos no coração. Sua primeira intenção era a de reavivá-la, mas depois do quinto soco, seu corpo e seu espírito, anestesiados, apenas a golpeavam. As lágrimas que brotaram de seus olhos e a expressão de dor estampada em sua face denunciavam sua incompreensão. Como ela poderia? Naquele momento, estavam vivendo bem, não era a hora, o momento. Sentiu raiva dela e de sua morte incompreensível.
O último soco atingiu a boca do estômago dela. E, como um milagre, ela deu um pulo na maca, num espasmo, gritando e tocando todo seu corpo, como se não acreditasse estar viva. Chorando, gritando, rindo, tudo ao mesmo tempo. Todos que ali estavam, o médico que havia seguido o marido para contê-lo, os amigos que acompanharam o episódio, todos pareciam não acreditar. E realmente esta foi uma cena insólita, digna mesmo de um romance inteiro. O olhar da mulher era outro. Ela parecia ter o conhecimento de todos os mistérios do universo. Mas ali, a única coisa que fez, depois de acalmar-se, foi perguntar ao médico se havia mesmo morrido. O doutor respondeu mostrando-lhe sua assinatura num papel em que se lia: HORA DO ÓBITO: 01:30. Ela esboçou um sorriso e levantou-se. Caminhou até a porta e então o médico a parou, dizendo ser necessária a realização de vários exames, que ela não podia sair assim do hospital. Pegando o estetoscópio de seu pescoço, ela então o colocou em seu coração, e o médico ouviu as batidas ritmadas. Virou-se e então, acompanhada do marido e de seus amigos, saiu do hospital cantando uma música antiga, saltitando e feliz. Ela sabia o que havia acontecido e sabia ainda mais.
O rapaz, casado há dois anos, resolveu sair com a esposa para comemorar o lucro do mês. Eles estavam contentes, enfim, a vida lhes sorria. A filha, pequena, ficara com os avós. Saíram com antigos amigos, de anos, para beber e esquecer os problemas do dia-a-dia. Ela, linda, de vestido marrom, salto agulha. Ele usava o perfume que havia ganhado no aniversário de casamento, importado. Chegaram ao bar, sentaram-se numa mesa, muito conversaram e riram. Uma noite quente, muita música da década de setenta e oitenta. Ela até ensaiou uns passos ao ouvir sua música preferida. Num dado momento, levantou-se. Ao virar-se, sentiu um frio no estômago. Sua pressão baixou rapidamente e ela caiu, como se caísse num chão de algodão. Ao perceber, seu marido a socorreu, juntamente com os seus amigos, que também se assustaram. Sua esposa estava gelada. Seus lábios, rachados e brancos. Saíram na pressa, o corpo perfeito estava mais pesado e os olhares de todos os que se divertiam no bar era de espanto.
Chegaram ao hospital. Sala de espera, desespero. O marido não parava de andar de um lado a outro, inconformado. Muitas coisas passaram pela sua cabeça. Menos uma: que ela havia morrido.
Ao receber a notícia da morte de sua esposa, primeiro não acreditou. Olhou bem no fundo dos olhos do médico, que, espantado, disse que não entendia como uma pessoa tão saudável poderia ter morrido tão de repente. Disse, por fim, que isso era tão raro quanto encontrar um milhão de dólares num táxi (comentário totalmente inapropriado para aquele momento). Ele, então, saiu em disparada em direção à sala de cirurgia, onde ela se encontrava. Ao deparar-se com seu corpo inerte, seus lábios arroxeados e sua pele pálida, deu-lhe diversos socos no coração. Sua primeira intenção era a de reavivá-la, mas depois do quinto soco, seu corpo e seu espírito, anestesiados, apenas a golpeavam. As lágrimas que brotaram de seus olhos e a expressão de dor estampada em sua face denunciavam sua incompreensão. Como ela poderia? Naquele momento, estavam vivendo bem, não era a hora, o momento. Sentiu raiva dela e de sua morte incompreensível.
O último soco atingiu a boca do estômago dela. E, como um milagre, ela deu um pulo na maca, num espasmo, gritando e tocando todo seu corpo, como se não acreditasse estar viva. Chorando, gritando, rindo, tudo ao mesmo tempo. Todos que ali estavam, o médico que havia seguido o marido para contê-lo, os amigos que acompanharam o episódio, todos pareciam não acreditar. E realmente esta foi uma cena insólita, digna mesmo de um romance inteiro. O olhar da mulher era outro. Ela parecia ter o conhecimento de todos os mistérios do universo. Mas ali, a única coisa que fez, depois de acalmar-se, foi perguntar ao médico se havia mesmo morrido. O doutor respondeu mostrando-lhe sua assinatura num papel em que se lia: HORA DO ÓBITO: 01:30. Ela esboçou um sorriso e levantou-se. Caminhou até a porta e então o médico a parou, dizendo ser necessária a realização de vários exames, que ela não podia sair assim do hospital. Pegando o estetoscópio de seu pescoço, ela então o colocou em seu coração, e o médico ouviu as batidas ritmadas. Virou-se e então, acompanhada do marido e de seus amigos, saiu do hospital cantando uma música antiga, saltitando e feliz. Ela sabia o que havia acontecido e sabia ainda mais.
(continua...)
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