sexta-feira, junho 25, 2010

O Bater das Asas da Borboleta - O Caos e os Vômitos

Às vezes tenho a impressão de que sou um alvo fácil das desumanidades. Há sempre algum problema ou alguém que cria um problema para a minha cabeça! Como diriam meus alunos, "fala sério"!

Há décadas atrás (tempo que passa cada vez mais rápido), quase nada me atormentava. Seriam problemas tão pequenos que não mereciam tanta atenção, ou eu havia desenvolvido uma capa de proteção aos pensamentos insistentes que levam ao desânimo? Ou seriam as responsabilidades que crescem feito bolo de mãe ... humm... como era fácil a vida daquela pequena ruivinha sardenta, que ocupava sua mente com quadrinhos do Walt Disney e comia bolo de cenoura com granulado por cima sem se preocupar com o dia seguinte ou com as calorias do bolo... 

Sou muito tranquila, me sinto feliz e abençoada. Mas quanto mais me sinto livre e em paz, mais problemas aparecem, do nada, sem explicação. Não sei se acontece com mais gente, mas é só eu começar a elogiar uma pessoa para ela me decepcionar, é só me sentir segura em relação a algo para que esse algo entre em turbulência. Talvez seja um teste: vamos ver até onde ela aguenta segurar aquele sorriso, até quando ela vai distribuir tantos pensamentos encorajadores... mais uma vez recorro à sabedoria de meus alunos: "tenso!"

Aprendi,  nesses últimos tempos, a ser muito mais paciente. Quero compartilhar isso aqui, hoje. A paciência é uma dádiva, pois a paz que tanto se busca não é encontrada sem muita espera. Nós somos seres que esperam. Esperamos 4 anos para torcer para o Brasil na Copa (ah, obrigada pessoal do 3o ano pelas risadas e pelo churrasco de hoje!), esperamos por 9 meses aquele serzinho(a) que mudará por completo a nossa vida, esperamos pelo vestibular, na fila do banco, na fila do caixa de supermercado, esperamos o tempo que for para encontrar a nossa cara-metade, esperamos até pela morte... 

Há como esperar sem paciência? De maneira alguma. Mas tem muita gente impaciente por aí. E o pior, um problema pessoal (gerado, muitas vezes, pela impaciência) pode acabar criando problemas coletivos. É a teoria do caos funcionando aqui: uma pessoa acorda de mal humor numa bela manhã ensolarada, levanta-se e segue sua rotina matinal como se cada passo ou cada palavra se transformasse num martírio, um castigo. Chega no trabalho e escolhe (consciente ou inconscientemente) algum inocente que deverá pagar pelo pato. Na primeira chance que tiver, o mal humor em pessoa fará tremer a terra e os céus caírem na cabeça desse bendito ser que, sabe-se lá, acordou feliz naquela manhã, pensando numa forma de fazer seu ambiente de trabalho tornar-se cada vez mais agradável.

Reação em cadeia: o ser Pollyana  em questão poderá perder a vontade de tornar o mundo mais cor-de-rosa e voltar-se contra os seus colegas de trabalho, criar situações constrangedoras. Poderá ser uma pedra no sapato de todo mundo. Tudo porque alguém não cultivou a paciência e não procurou solucionar seus problemas interiores antes de vomitar palavras rudes e cruéis em cima dos outros. E quem é que limpa toda essa sujeirada?

Enfim... sou paciente. Espero pela solução dos problemas, mas aprendi isso a duras penas. As borboletas batem as asas na Ásia e os ventos acabam formando furacões na América, não é? Não sei, mas um pouco de gentileza ou de atenção no trato com seres humanos pode mudar o dia de alguém, disso tenho certeza. Eu desejo que todos vocês possam desfrutar da paz interior, e isso pode ser difícil quando lidamos com brutamontes ou com cobras sibilantes que se arrastam e mordem pelas costas. 

Ai, coitadinha da menininha ruiva... se ela soubesse o que iria enfrentar mais à frente...




Nenhum comentário: