sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Somos. Podemos.

Eu posso falar alto e baixo, ouvir mpb e rock n' roll, sentir calor e frio, provar sabores doces e amargos, ver o por-do-sol e seu nascer, sentir cheiros de flores e de enxofre. Posso querer viver dentro de uma gaiola ou de uma jaula, posso querer percorrer todo o caminho necessário até encontrar o fim do arco-íris. Posso ser livre, posso querer ser amarrada. Posso tentar melhorar as coisas, posso tentar terminar com tudo. Posso. Posso. Posso. No poço, no fundo, sabemos que o caminho não pode ser mais para baixo, e então erguemos nossas cabeças e vemos a luz que vem por cima. Este é o único caminho e podemos escalar aos poucos.

O que somos pertence a nós, é o que temos e o que vamos deixar, é o nosso único bem ou único mal. E os dias passam, as experiências acumulam, e os anos voam. Mas as lembranças se enterram em nossas mentes. O que fica, o sabor residual de cada grito e sussuro, de cada trilha sonora, do suor e do arrepio, dos raios claros da manhã e do alaranjado do final do dia. O saber residual da vida em si é o que importa, a verdadeira experiência.

Um dos maiores prazeres da vida é desfrutar desses sabores todos. Mas, talvez ,o maior deles seja reviver o momento exato em que nos propusemos a escalar, tijolo por tijolo, aquele poço tão profundo. É um troféu invisível que somente os olhos de nosso interior conseguem ver, o esforço individual que somente cada um sabe o quanto doeu. 

Então, com tantas festas, risos e bonanças, se esquece da dor. Mas o sabor deve permanecer para que nos lembremos que nenhum buraco que nos aprisione poderá conter nossa necessidade de experimentar. Somos. Podemos.






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